CONTINUIDADE DA TECNOLOGIA GPRS 2G NO BRASIL ...

Toda discussão sobre desligamento do 2G se deu em função de que a operadora de telefonia Vivo anunciou o processo de refarming da frequência de 1.800 MHz que era utilizada exclusivamente para a tecnologia 2G. No caso deles, em teoria, o mercado não deveria sentir nenhuma perda em função de que eles também possuíam a frequência 900 MHz.

Na prática os mercados que utilizam 2G sentiram como primeiro impacto os buracos sem cobertura, pois nem todas as ERBS possuíam a frequência de 900MHz funcionais.

Como é do conhecimento de todos, o GSM começou a ser instalado no Brasil em meados de 2001 e o Brasil praticamente é um dos últimos países que ainda tem resistido no uso dessa tecnologia.

Temos fatos importantes acontecendo no Ecossistema do 2G que impactam diretamente em sua continuidade. O primeiro fato é que os fabricantes das ERBS da tecnologia não estão mais disponibilizando peças de manutenção. Uma vez que apresente problemas a operadora faz a troca por 4G se já não estiver disponibilizada.

O segundo fato é que não existe obrigatoriedade imposta pela Anatel para que a Rede 2G tenha continuidade. A única obrigação da operadora é manter um canal de dados ativo, se é 2G ou 4G não importa.

Outro mercado consumidor de 2G está relacionado aos terminais POS e PDVs que possuem, segundo a ABECS - Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (dezembro de 2018) um parque instalado de 9,3 milhões de terminais.

No caso desse mercado, a tecnologia 2G já vinha sendo substituída pelo 3G e 4G. O impacto de perda de qualidade da Rede 2G será sentido por eles com menor intensidade do que acontecerá no Mercado de Rastreamento Automotivo o qual até agora não se posicionou de forma eficiente frente aos fatos.

Acredito que a Rede 2G deverá apresentar a curto prazo uma diminuição importante na qualidade de transmissão dos dados e teremos um rápido crescimento da Rede 4G CATM1 que é hoje visto pelas operadoras de telefonia como a tecnologia substituta do 2G.

Completando a análise deste cenário, a maior parte dos países já substituíram a tecnologia 2G por 4G. No México que sempre foi similar as condições existentes no Brasil e que também retardou ao máximo a troca de tecnologia, nesse momento, enfrenta graves problemas de perda de qualidade e da diminuição da cobertura da rede 2G que se agravou muito nos últimos 6 meses.

A recomendação é que os mercados que consomem comunicação 2G passem a partir deste momento a fazer suas novas compras ou reposições com hardwares que trabalhem com 4G CATM1 e de preferência que tenha fallback para 2G a fim de contornar possíveis problemas de cobertura do 4G CATM1 nesse momento.

Essa decisão é importante para ser trabalhada no sentido de diminuir os impactos negativos e de possíveis prejuízos que poderão acontecer com o início do processo da perda de qualidade e cobertura da rede 2G.


POSIÇÃO OFICIAL DA ANATEL

No site da ANATEL (https://www.anatel.gov. br/setorregulado/index.php/component/content/article?id=131) encontramos uma nota explicatíva que aborda a questão da não obrigatoriedade por parte das Operadoras de Telefonia Celular em manter a tecnologia 2G ativa.

"Ampliação do serviço móvel celular

Com a evolução da tecnologia, outros serviços além da telefonia fixa despertaram o interesse da sociedade, como o serviço móvel celular (Serviço Móvel Pessoal – SMP), que oferece ao consumidor serviços de voz e dados (internet móvel). Atualmente, são 4.482 municípios cobertos com tecnologia 4G, 5.454 municípios com 3G, e 5.570 municípios com 2G, sendo mais de 235 milhões de acessos de SMP.

Embora as prestadoras de SMP não tenham compromissos legais de universalização, a Anatel tem estabelecido compromissos de abrangência em Editais de Licitação de Radiofrequência (n.º 002/2007/SPV – ANATEL, nº 002/2010/PVCP/SPV – ANATEL e nº 004/2012/PVCP/SPV – ANATEL.

Dentre os compromissos assumidos pelas prestadoras, está o de cobrir todos os municípios com 3G até dez/2019, e com 4G todos os municípios acima de 30 mil habitantes até dez/2017(*).

Atualmente, a Anatel já estuda a implantação do 5G e prepara o Edital de Licitação de Radiofrequência respectivo.

Mais informações sobre os dados de SMP podem ser encontrados no site da Anatel."

(*) A data está errada no site Anatel. Acreditamos que a data correta seja 2020)


Conversamos informalmente com a Diretoria Regulatória da ANATEL e questionamos se as operadoras são obrigadas a manter a rede 2G em operação e tivemos a seguinte explicação:

"Não pode deixar de haver a cobertura em um município já coberto, mas a tecnologia pode ser substituída por outra superior mantendo as mesmas facilidades de oferta de serviços".